Ilha deserta

Correndo o risco de entrar num cliché...

Eu poda tentar explicar-vos o que é passar uns dias no Calhau...voltar a adormecer a ouvir o mar e acordar e ter o mar bem na frente acompanhada do pequeno-almoço sentada no cadeirão. Podia tentar explicar o que é embarcar no semi-rígido às 7h30 da manhã e olhar Santa Luzia lá no fundo à nossa espera. Podia tentar explicar-vos o sorriso incrédulo ao ver os peixes-voadores a saltarem ao lado do barco. Podia tentar explicar-vos o friozinho na barriga quando saltávamos nas vagas do oceano. Podia tentar explicar-vos a sensação de mergulhar a metros da costa, estilo survive, só com um saco impermeável e um garrafão preso numa bóia. Podia tentar explicar-vos o que é passar o dia numa ilha deserta, correr aquela praia linda, onde apenas se vêem montanhas, calhaus, areia, mar, pardais, caranguejos, conchas...deitados em lagoas de mar...só assim...ali!

O biólogo, apanhador de cnchas que nada ao nosso encontro com metade do almoço!

Podia tentar explicar-vos a visão do nosso skipper que passou o dia no barco à deriva, o Jorge, a fazer sinais, à procura do melhor momento depois do set para voltarmos a mergulhar e nadar até ao barco...quais naúfragos a serem salvos!

Podia tentar explicar-vos os risos incontroláveis quando o barco batia fortemente nas ondas ao voltar para S.Vicente.

Podia! Mas ainda assim  será difícil compreender e quase impossível sentir o que eu sinto!

E ontém a "família" partiu para Santo Antão desmembrada. E cerca de um mês e pouco depois já pouco faz sentido aqui sem eles!

Eu parto segunda para Santiago. Uma semana de trabalho, novos contactos... Voltarei na sexta! Provavelmente cheia de novidades, com uma nova ilha no coração e cheia de saudades da minha malta!

Banda sonora - José González, Heartbeats